Lenda de Onira.
Conta-se uma lenda
(itan) que existia nas terras de Irá, uma linda moça chamada Onira (Senhora de
Irá), ela sempre comandava seu povo com sabedoria. Mas, ela tinha um grande
problema: adorava lutar e se sentia bem em matar seus inimigos. Onira era
descontrolada quando tinha em punho sua adaga de guerra. Certo dia enlouqueceu
de vez, chegou a um vilarejo e matou todos q alí encontrou. Os sábios da cidade
de Irá resolveram procurar Oxalá para que ele na condição de Rei, mandasse que
Onira parasse de matar. Onira recebeu o recado q Oxalá queria vê-la e foi até
Ilê Ifé (palácio de Oxalá). Chegando lá, Oxalá assustou-se, pois as roupas de
Onira eram vermelhas, de tanto sangue de suas vítimas. Ela ajoelhou-se e
perguntou o que o grande Rei queria. Oxalá mandou que trouxessem uma grande
quantidade de Efun (seu pó branco sagrado). Pegou seu pó e jogou sobre Onira.
Na mesma hora suas vestes de cor vermelha, tornaram-se rosa, por causa da
mistura do pó branco com o sangue. Então, Oxalá ordenou que Onira não mataria
mais ninguém, e que ela jamais vestiria vermelho em publico, e que rosa seria
sua cor, e como ela era uma moça tão quente, que fosse morar nas águas junto
com Oxum. E lhe disse: Onira minha filha, és uma moça tão bela, tão doce, por
que matas? Sinto-me bem quando tiro a vida de alguém, mais sei q isso não é
certo. Foi então q Oxalá teve uma idéia. Já que você gosta lidar com a vida e
com a morte, você terá junto com Oyá o domínio sobre os Eguns. Não tirarás mais
a vida de ninguém, apenas irá conduzir os que já se foram. Está certo Oxalá,
seu desejo será realizado mas não tire de mim minha adaga. Oxalá disse: Pode
deixar, mais agora vá morar na cachoeira com Oxum. Onira obedeceu a Oxalá, foi
morar na cachoeira. Chegando lá Oxum ria e debochava dela, mais resolveu ser
sua amiga. Porém, Onira muito mal humorada, não queria papo. Até que um dia Onira
adormeceu sobre uma pedra, olhando Oxum banhar-se e as águas da cachoeira
subiram e Onira estava morrendo afogada, Oxum vendo o que estava acontecendo,
mergulhou e foi salva-la, chegando lá Onira estava quase morta e Oxum resolveu
fazer um feitiço e na mesma hora Onira reviveu e transformou-se em uma espécie
de lava que correu rio a fora. Onira transformou-se em um rio de fogo. Oxum
pensou que Onira havia morrido, chorou por horas, sem saber o que diria a
Oxalá, já q ele a incubiu de tomar conta da moça atrevida. Foi então que surgiu
uma borboleta linda, de cor salmão com tons alaranjados, que voava ao redor de
Oxum. Ela tentou pegar a borboleta que voou para dentro da floresta, Oxum
seguiu a borboleta que parou em frente a uma árvore e tomou a forma da linda
Onira. Oxum não acreditava no que via, e Onira lhe disse: Por que choravas
minha amiga, estou aqui viva, e graças a você! Graças a mim porquê Onira? Eu
não fiz nada. Na hora que eu estava morrendo você fez um feitiço e dividiu
comigo todo seu encanto, agora sou uma NINFA(mulher encantada), assim como você
,tenho poderes de transformação. Posso ser um RIO de FOGO nos meus momentos de
ira, posso ser um BÚFALO quando eu quiser ficar sozinha, e me transformar na
mais bela BORBOLETA quando estiver feliz. E Onira foi até Oxalá lhe contar o q
havia acontecido, ele ficou feliz mais sabia que toda esta mudança jamais
acalmaria Onira, e que por dentro ela ainda seria aquela guerreira incansável.
Mandou então que ela fosse morar com Oyá e aprender a dominar os Eguns.
Depois, Onira mudou-se e foi viver com Oxosse
e como ela foi criada por caçadores, sabia caçar como ninguém. E Onira morou
com quase todos os Orixás, aprendendo tudo que eles sabiam fazer.
Quando o culto aos Orixás veio para o Brasil,
confundiram Onira com Oyá e por isso então ela passou a ser cultuada no Panteão
das Oyás, tornando-se uma qualidade de Oyá. Mas sabemos que Onira é um orixá
assim como todos os outros. Ela gosta das cores branco, dourado, rosa, salmão,
assim como a determinação de Oxalá. Muitos acreditam que Onira por morar nas
águas é um orixá calmo, mais este pequeno Itan nos mostra que Onira é um Orixá
muito “quente”, uma moça guerreira e determinada. Suas filhas são faladeiras,
escandalosas, briguentas, metidas, arrogantes, divertidas, mal-humoradas, tem
toda a doçura de Oxum e são atrevidas como Oyá.